Todos os dias saímos de casa bem arrumados, perfumados e
embevecidos pela imponência do sol a clarear nossos dias. Quem dera a luz da
justiça humana possuísse raios tão transversais quanto os que nos iluminam ao
amanhecer. Continua o percurso até a porta, fala com a mãe, abraça-a como quem
não sabe o resultado da trajetória que fará. E quem o sabe?
Os pensamentos vez em sempre divagam desse estado e alcançam
o Alfa, o olhar fatigado contempla a dimensão divina implícita nas miudezas da
vida. Até que um mal elemento se aproxima, e coitado! Rendido, entrega-lhe o
pouco que tens. Há outra saída? Sim. A morte. Fim ultimo da vida, ela é uma
incógnita ainda não desvendada pela razão humana, mas e depois de morrermos de
que valerá toda a ciência, a beleza, a arquitetura das palavras, e as
imensuráveis graduações? A bala que transpassa o corpo é como a adaga que fere
a alma. Finda-se as forças. Fim da vida.
É certo que todo dia morremos. Os nossos dias são verdadeiras
cruzes. Cada dia carregamo-las. O quarto é o calvário e a cama o túmulo, porém,
todo dia também ressuscitamos e tal graça, leva-nos a compreender o mistério
que reside entre Alfa e Ômega, principio e fim. É uma espécie de reticências
cotidiana que pedem essencialmente contemplação. Perdoe quem rouba algo de
você. Mas nunca deixe mesmo é que lhe roubem de você.
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